Senti que deveria quebrar aquele espelho. Feito isso, julguei quais daqueles pedaços iriam continuar refletindo minha imagem todos os dias. Dei adeus para a maioria deles. Quando eu recriei aquela estrutura que outrora eu tinha destruído, percebi uma - esperada - incompatibilidade de formatos, mas uma harmonia de matéria prima. Colei aqueles pedaços e preenchi os espaços vazios entre eles com objetos feitos de outros materiais. No fim, o espelho, o plastico, a purpurina e o tecido que lembra um pelo de urso polar foram acoplados na madeira pintada de roxo e azul, transformando-se todos esses em um. Um corpo. Um corpo constituído por elementos diferentes um do outro mas que dialogam-se constantemente. Sendo somente através desses diálogos que esse corpo sobrevive, torna-se bonito. Mas esse corpo com múltiplas texturas também reflete outros corpos, que por sua vez também é formado pelo diverso; diversas vontades, texturas, cores, sentimentos.
Essa obra fala de raros momentos em que sentimos toda a complexidade que nos atravessa e nos constitui. Que possibilitam diversas formas de ver e nos ver. Cada pedaço de espelho é uma perspectiva que podemos ter sobre nosso corpo. Uma área que provavelmente não estamos dando muita atenção. A obra nos permite nos isolar e nos conectar simultaneamente.
ps: essa é uma nova tag na qual irei usar para postar obras e projetos que eu for produzindo durante a vida.
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